Ontem fiquei apavorado no ponto de ônibus perto de casa. Nada de assalto, nenhuma briga na mesa do bar... um vizinho meu aficionado por brega estava ouvindo este gênero e eu, sem nada melhor para ouvir, aprendi a letra rapidinho: "toque meu bem, toque uma pun... arretada. toque, vou dar uma goz..." meus amigos, eu assustado olhei para os lados para ver se alguém estranhava aquele absurdo, porém as pessoas continuaram indiferentes. Não sei se perceberam minha agonia, mas cá pra nós, desejei que a ditadura militar voltasse somente para censurar aquele som... não é discurso puritano não, eu só penso em nossas crianças e nos futuros homens e mulherem que serão um dia.
Dia desses conversando com nosso professor de discurso poético surgiu na sala um breve comentário sobre os bregas que comumente nos atingem de forma até deselegante e entram em nossas casas e nos tiram o sossego e o pior... ficam em nossas mentes, como o caso da letra do "toque meu bem". Nosso querido professor então solta um trecho do "pegue na minha e balance" e ressaltou que estas letras produzem riso, que isto é o que mais interessa à população atualmente e que é muito mais interessante se oferecer algo pronto, preparado, não permitindo ao leitor e ao ouvinte dar uma significação que busque sentir o que a poesia exala, então nosso professor recitou alguns versos de Juana Inés de la Cruz:
"Que unidas de las dos manos
las bien tejidas palmas
con movimientos digan
lo que los labios callan"...
Não é muito mais bonito assim? Vejam que maravilha, a autora disse a mesma coisa do "pegue na minha e balance", só que de um jeito muito mais poético. Seria demais pedir que a música baiana e o brega chegassem a este nível, mas tentar não custa nada... ou custa?